“Origem divina não quer significar aqui uma
revelação de um Deus antropomórfico, no alto de uma montanha no meio de
relâmpagos e trovões; mas, segundo entendemos, uma linguagem e um sistema de
ciência transmitidos à primeira humanidade por homens de uma raça adiantada,
tão elevada que aparecia como divina aos olhos daquela humanidade infantil; em
uma palavra, por uma “humanidade” proveniente de outras esferas.”
O texto acima faz parte do livro “A Doutrina
Secreta – Vol II – Simbolismo Arcaico Universal”, escrita pela russa Helena
Petrovna Blavatsky (HPB), uma das principais referências da teosofia moderna.
Diga-se moderna porque não é um termo novo, pois já era mencionado por
filósofos gregos como Amônio Saccas e místicos medievais como Jacob Boehme.
Helena Petrovna Blavatsky |
Às vezes equivocadamente traduzida como “sabedoria
de Deus”, a teosofia na verdade traz o conceito de sabedoria divina (na Índia
conhecida como Brahma Vydia), aquele conhecimento que é comum a todo universo e
de onde as religiões e filosofias vão buscar suas inspirações.
Para se ter uma ideia do quão polêmicas foram
as afirmações de Blavatsky na época, segue um trecho da edição brasileira de A
Doutrina Secreta:
Convém recordar que, quando publicado pela
primeira vez, na Inglaterra, (1888) o colonialismo vivia seu período áureo. O
universo, na visão de muitos, tendia para se tornar uma máquina sem alma,
idêntica às que os homens construíam para suas fábricas. Esse espírito
refletia-se na rígida moral vitoriana, na casaca preta e no colarinho engomado,
na cartola esguia como uma chaminé fumegante, nos espartilhos e saias amarradas.
Sociedade Vitoriana |
Contrariando as publicações científicas na época
sobre as origens do homem, Helena Blavatsky sugeriu que não, o homem não era
descendente dos símios e sim o contrário, causando grande rebuliço no meio
intelectual e gerando atitudes hostis contra a sua pessoa.
HPB acreditava que os primatas eram na
verdade o resultado do cruzamento do homem primitivo com animais extintos há
milhões de anos, uma espécie de degeneração do modelo humano. Por muito tempo
essa afirmação foi ridicularizada pela comunidade científica. Mais
recentemente, a descoberta de fósseis com características humanas e mais
antigos do que se esperava, tem colocado em xeque a teoria darwiniana.
Abaixo, um trecho de uma reportagem feita
pela revista Galileu:
“Blavatsky, que morreu em 1891, era contrária à
seleção natural de Darwin. Para ela, a evolução humana se dera a partir de
"seres elevados espiritualmente". Em seu apartamento em Nova York, que dividia
com Olcott - em quartos separados - ela tinha na sala um babuíno empalhado, com
óculos, colete, fraque e gravata, portando sob um dos braços um volume de A Origem das Espécies, de
Darwin.”
Sugestão da Evolução dos macacos. |
Mas, se Darwin estava errado, de onde surgiu
o homo sapiens?
Segundo Blavastsky, o universo é pura
vibração ocorrendo em vários níveis dimensionais onde a manifestação se dá dos
níveis menos densos (etérico, astral, etc.) para o mais denso (físico). O que
observamos com nossos sentidos comuns seria apenas a ponta do iceberg de um
processo intrincado onde experiências se compartilham numa malha infinita de
interações. (Vide Teoria das Cordas e a Ordem Implícita de David Bohm)
Importante ressaltar, e isso é de extremo
interesse, que na visão teosófica o universo não está cheio de vida, mas ele é
a própria vida em
movimento. Não a vida biológica que conhecemos, mas o incansável
impulso para a manifestação da forma em todos os níveis.
Muitas pessoas, por exemplo, já fizeram a
seguinte pergunta: “Ora, se existe vida e seres inteligentes em outros
planetas, quem os criou?
Podemos perceber primeiramente que essa
pergunta cai no erro clássico de se basear nas ditas “escrituras sagradas” onde
se afirma que Deus criou o homem e a mulher aqui na Terra e ponto!
Essa possibilidade é absurda, considerando
que só na nossa galáxia existem bilhões de estrelas e o universo (visível) tem
bilhões de galáxias! Inclusive, foi dito por alguém a seguinte frase: “Se
estamos sozinhos neste planeta, então o universo é um grande desperdício!”. Pois
bem, se seguirmos o raciocínio da pergunta anterior, chegaremos a conclusão de que
Deus foi incompetente em sua criação.
Lemuria Teosófica. |
A partir do momento que entendemos que esse
impulso vital esta em toda parte, torna-se impossível explicar o surgimento da
vida em todos os pontos do universo, simplesmente porque cada situação é
diferente da outra, poderíamos especular por exemplo a interferência de seres
de outros orbes, transporte de elementos orgânicos por cometas (seu núcleo
gelado poderia conservar esses elementos até chegarem no seu destino), choque
de astros, migração interplanetária, enfim, partindo do princípio de que a vida
é uma regra e não uma exceção, fica fácil entender porque, a primeira vista,
não é possível uma resposta objetiva à questão.
Outro ponto importante a se considerar é que
a evolução dos seres ocorreria em vários níveis dimensionais e não apenas por
seleção natural como querem alguns. Os
animais por exemplo teriam, cada espécie, sua própria “alma grupo”, um
repositório de informações que num dado momento, ao alcançar a massa crítica, impulsionaria a “materialização” de um tipo
mais adaptado, resultado da soma das experiências do grupo. (Recomendo a
leitura da Teoria dos Campos Mórficos de Rupert Sheldrake)
Com o homem não seria diferente, exceto pelo
fato de que em nós está desperta a autoconsciência, ou seja, a capacidade de se
distinguir de outros indivíduos da mesma espécie, ou seja, de possuir um ego.
HPB acreditava que a humanidade é composta
por remanescentes de várias raças-raízes e sub-raças, algumas já extintas,
outras estariam em formação.
Em resumo, a antropogênese defendida por
Blavatsky constituía a seguinte classificação:
1ª Raça Raiz: ou raça
lunar, viveu no Pólo Norte, então habitável;
2ª Raça Raiz: ou raça
etérica, viveu mais ao sudoeste do pólo norte no período Devoniano (onde os
gregos diziam ser a morada do Deus Apolo);
3ª Raça Raiz: raça lemuriana, porque viveu na
Lemúria. Os seres desta raça eram gigantescos, não tinham estrutura óssea mas
cartilaginosa. Sua 3ª sub-raça tinha indivíduos de 4 metros e eram
hermafroditas; só na quinta sub-raça houve a diferenciação dos sexos;
Lemuriano |
4ª raça: Foram os atlantes, cujo continente
desapareceu no período Mioceno. A ilha Poseidonis, mencionada por Platão e que
afundou em 9564 a.C,
fazia parte deste continente. Da Atlântida são remanescentes os toltecas, turanianos,
semitas, acadianos e mongóis;
5ª raça: A raça ariana seria constituída dos
povos hindus, egípcios, árabes, persas, celtas e teutões.
Deve-se levar em consideração que a Doutrina
Secreta foi escrita, numa época de forte preconceito racial, a escravidão
estava sendo banida sob protestos dos mais conservadores e muitos cientistas
estavam tentando criar uma teoria que justificasse a opressão de povos menos
desenvolvidos.
Por outro lado, graças ao empenho e a coragem
daqueles teófosos é que hoje temos acesso a muitas informações que estavam
guardadas nos recantos mais remotos do oriente. Sobre a veracidade e exatidão
desse conhecimento só o tempo poderá confirmar.
Jorge Melo, 39 anos
Estudante de Teosofia
Pesquisador na área do autoconhecimento
Ótima matéria. Não é somente uma boa introdução a Teosofia, como uma ótima forma de se abrir a outras formas de conhecimento.
ResponderExcluirFiquem na paz e ótimo feriado para todos...
Parabéns pelo post.
ResponderExcluirAssunto complicado...descorrido de maneira simpática e facilmente compreensível.
Exelentes sugestões de livros. Aos estudiosos, recomendaria ler O Sistema Solar de Arthur E Powell antes de se aventurar pelos escritos de Madame Helena Blavatsky.
A frase que você citou me lembrou a do professor Mario Sergio Cortela. Ela diz que se deus fez o universo só para os humanos, então ele não sabe nada de custo beneficio.
ResponderExcluirTodos os seres da Terra que colaboram para uma compreensão melhor da vida, que desejam o conhecimento da Verdade, que procuram ter uma convivência pacífica e respeitosa para com o próximo, com todas as suas opiniões filosóficas e religiosas, merecem respeito e interesse. Apesar das imperfeições humanas, sabemos o quanto tem sido importante o papel das religiões e de suas doutrinas no mundo. Todas são importantes. Agradeço aos seres divinos que nos deram a honra de estarem um pouco fisicamente em nosso mundo: como Jesus, Francisco de Assis, Budha, Gandi e tantos outros que nos ajudam a dissipar as trevas de nossas almas.
ResponderExcluirpalavras faceis para um assunto dificil gostei bom post !!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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