O legado de 21 de Dezembro de 2012

Desde a fundação do blog sempre tive vontade de escrever um texto mais direto ao leitor, aquele com cara de editorial, feito mais com coração do que com a razão e vejo a data de hoje como um dia perfeito para saciar este desejo. 

Inicialmente quero deixar claro que o blog nunca defendeu ou descartou (quem somos nós para saber o dia que o mundo acabará) as teorias e as profecias do Fim do Mundo que alimentaram uma grande ansiedade pelo dia 21 de dezembro de 2012 e sempre mantivemos debates sobre o assunto. Eu e o Henrique conversamos sobre isso em várias oportunidades. Também no grupo de discussão do facebook e na página Ab Origine do facebook sempre permitimos que as informações fossem divulgadas, mesmo muitas vezes eu discordando do seu teor e deixando minha opinião contrária sobre elas. 

Apesar do respeito que tenho pela liberdade de pensamento, confesso que nunca gostei das visões catastróficas de uma certa religião New Age ou de alguns escritores mal-intencionados que forjaram dados sobre os maias para que sua retórica apocalíptica prevalecesse. Também sempre estive incomodado quando pessoas ligavam a data com uma estranha e mitológica passagem dimensional ou com ditas transformações no DNA. Entre os absurdos também surgiram uma espécie de mescla esotérica-científica que criou um monstro feio e sem identidade (e sem cérebro). Alguns se deixaram levar pela fé e o desejo de que tudo acabasse, de que a civilização que escraviza o ser humano tivesse um fim abrupto. Um desejo que antes era interior passou a ser exterior, pelas muitas informações apocalípticas sobre 21 de dezembro de 2012 que não eram absorvidas pelo bom senso. 

Lembro ao leitor mais interessado em história que a maioria das religiões surgiram exatamente desta forma: uma ideia antiga incompreendida é transformada por alguns espertalhões para saciar o desejo de uma população sem esperanças e objetivos. Quantos morreram em nome de Jesus, Maomé e outros profetas? Exatamente isto que quero dizer, transferiram este desejo ao calendário Maia, de repente aqueles que nunca tinham ouvido falar daquele povo que foi mutilado pelos europeus, se diziam Maias, e com extrema fé em seus ensinamentos (os falsos) baseados em meia dúzia de Codex. Aqui gostaria de dizer para amiga e leitora Dri Watanabe, que disse ter mais medo do que as pessoas poderiam fazer amanhã (hoje em alguns países) do qualquer outra coisa, para ficar tranquila, porque desta vez a informação se espalhou tão rápido quanto a desinformação, e as pessoas de bem estavam lá para debater alguns absurdos. Então fica aqui um alerta para o futuro.

Como tudo na vida tem os dois lados, e neste caso dois extremos, comemoro a data de amanhã como um marco na vida contemporânea. Talvez historiadores daqui há duzentos anos nem falem sobre o dia 21 de dezembro de 2012, mas para nós, que vivemos nesta época estranha, devemos ter consciência do legado deixado por esta data, que talvez poucas pessoas tenham se dado conta. 

O primeiro e mais importante legado, na minha opinião, é que diferente de outras datas catastróficas esta trouxe a tona alguns estudos que estavam no ostracismo e muitas pessoas se interessaram por história por exemplo. Quantas pessoas que leram sobre Nibiru não quiseram saber mais sobre os Sumérios? Quantas pessoas não estudaram a origem da humanidade e se perguntaram de onde vim? Quantas pessoas não se interessaram pelos Maias e buscaram um conhecimento profundo sobre eles? Alguns até dedicaram sua vida a estudar isto e trouxeram novidades! Não se interessaram só por história, se interessaram por Astronomia. Quantas pessoas eu conheci que nunca tinham olhado para cima se deram conta dos meteoros, cometas e alinhamentos planetários? Se interessaram pelas tempestades solares e acompanharam as atividades do astro rei ao vivo? Digo de boca cheia que muitas pessoas aprenderam coisas novas e se modificaram, descobriram um novo talento, um novo hobby ou uma nova profissão.

O segundo legado é o de acordar para um nova realidade. Conheci muitas pessoas que estavam totalmente impregnadas e escravizadas pelo sistema se libertarem! Elas começaram a pensar por si mesmas! Relembre agora, querido leitor do blog, quantos livres pensadores surgiram nos últimos tempos? Críticos do sistema prontos para dar um grito de liberdade? Quantas pessoas estão totalmente modificadas?

O terceiro legado foi das pessoas que refletiram sobre sua existência e sobre como lidar com a morte. Algumas pensaram como iriam fazer em caso de catástrofes: elaboraram planos, aprenderam técnicas de primeiros socorros, fizeram curso de sobrevivência na mata, aprenderam a utilizar uma bússola e se deram conta de que a qualquer momento isso tudo pode ser necessário. Outros se deram conta de algo mais importante: de que somos passageiros na Terra e devemos aproveitar cada dia como se fosse o último!

Para não me estender mais, digo humildemente que estas transformações aconteceram comigo também. 

Alguns estudiosos disseram que o dia 21 de dezembro de 2012 era somente uma data, uma passagem, como a do ano novo por exemplo. Outros estudiosos disseram que a data era uma profecia, e esta profecia não falava do fim do mundo e sim de uma data simbólica de TRANSFORMAÇÃO. Se os maias profetizaram isso, digo que acertaram. Se a data for um embuste criado pela influência cristã na sociedade maia, digo que por coincidência também funcionou.

André de Pierre, 31 anos

Escritor e pequisador

http://www.facebook.com/profile.php?id=100002474095671